CPQD realiza pilotos para validar aplicações desenvolvidas no projeto 5G Saúde
Executado com o apoio do Funttel, do Ministério das Comunicações, projeto tem como objetivo desenvolver aplicações na área de saúde utilizando tecnologias digitais
Rosa Sposito/Pimenta comunicação
As tecnologias digitais e de conectividade – como o 5G, blockchain, identidade digital descentralizada, Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA) – trazem recursos importantes que podem ajudar o Brasil a superar alguns dos desafios na área de saúde pública. Desenvolver aplicações para esse setor, baseadas em tecnologias digitais, é o foco do projeto 5G Saúde – Segurança, privacidade, inclusão e qualidade na telemedicina no contexto da Web 3.0, que vem sendo conduzido pelo CPQD com o apoio do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel), do Ministério das Comunicações, e da Finep.
Um dos principais objetivos do projeto, que teve início em 2023, é a realização de testes-pilotos em ambientes reais visando a validação das aplicações desenvolvidas, que poderão contribuir para o aprimoramento de políticas públicas nessa área. Atualmente, estão em andamento três pilotos, realizados em parceria com diferentes empresas e instituições do setor de saúde.
Uma dessas experiências está sendo conduzida no município de Miguel Alves, no Piauí, e consiste na realização de exames de ecocardiograma a distância em pacientes atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O projeto é resultado de parceria entre a BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o InovaHC (Núcleo de Inovação e Tecnologia do Hospital das Clínicas da USP), a Samsung Brasil e o CPQD, que é o responsável pela infraestrutura de conectividade usada no piloto. Baseada em tecnologia 5G, essa infraestrutura permite a transmissão em tempo real das imagens dos exames realizados em Miguel Alves para São Paulo – onde estão os especialistas da BP que orientam os profissionais locais. Para isso, o Centro de Competência Embrapii-CPQD em Open RAN instalou uma rede privativa 5G com componentes abertos e desagregados, seguindo o conceito da tecnologia de rede de acesso por rádio aberta (Open RAN).
“A telemedicina é uma realidade, mas precisa de conectividade e evolução para ser eficiente e atender pacientes que estão distantes dos grandes centros ou com dificuldade de locomoção. Temos apoiado o CPQD em testes que contribuam para a redução de barreiras geográficas entre um médico e a pessoa que precisa de atendimento. O Funttel é destinado a projetos de inovação e avanços tecnológicos em diversas áreas”, comenta o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho.
Com a operadora de planos de saúde MedSênior e seu hub de inovação tecnológica MilSênior, o CPQD está desenvolvendo – e testando – aplicações relacionadas ao prontuário eletrônico de pacientes, utilizando tecnologia blockchain e identidade digital descentralizada. As aplicações envolvem consultas, prescrição digital de receitas e compra de medicamentos, pedidos e realização de exames e consultas de retorno, com compartilhamento seguro de informações do paciente – que tem o controle do acesso aos seus dados.
A terceira experiência-piloto será realizada em parceria com a startup brasileira UVCTEC, que desenvolveu um equipamento de desinfecção por radiação ultravioleta (UVC) destinado principalmente a ambientes como hospitais e clínicas médicas e odontológicas. Em sua nova versão, desenvolvida em conjunto com o CPQD e com o apoio do Funttel, o equipamento ganhou conectividade 5G e também recursos para a gestão do dispositivo, fornecendo dados como tamanho do ambiente, emissão de radiação necessária para inativação de colonizações patogênicas específicas de cada ambiente, tempo de processo e outras informações gerenciais. Os dados são recebidos pela Pailot, plataforma do CPQD que combina IoT e Inteligência Artificial e foi integrada à unidade de desinfecção da UVCTEC, permitindo no futuro a geração de modelos IA para análises preditivas.
“Com a integração à Pailot e a adição de conectividade 5G, proporcionada pelo projeto 5G Saúde, os usuários poderão acompanhar as condições de operação do equipamento a distância, em ambiente de nuvem”, explica Norberto Alves Ferreira, gerente de Soluções Sistêmicas de IA e IoT do CPQD. “Dessa forma, esperamos contribuir para a redução dos casos de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) causadas por vírus, bactérias e fungos, que são um problema sério no país e no mundo. Segundo o Ministério da Saúde, 14% das pessoas internadas em hospitais brasileiros adquirem algum tipo de IRAS”, acrescenta. A experiência-piloto com a nova versão do equipamento da UVCTEC deverá ter início em breve no Hospital Estadual Mário Covas, localizado em Santo André, na Grande São Paulo, em conjunto com a Faculdade de Medicina do ABC.